Male Nudes a salon from 1800 to 2021
Mendes Wood DM tem o prazer em apresentar a mostra coletiva Male Nudity: a salon from 1800 to 2021. Cruzando representações em torno do nu masculino, a exposição se propõe refletir sobre os conceitos de cópia, imitação, imagem, tempo e decadência.
Seguindo uma historiografia mais usual acerca da primeira representação de nudez na história, se encontra em um sitio arqueológico na Àustria a Venus de Willendorf, datada em 1906 por historiadores como um artefato de 30.000 aC. Os indicativos histórico-científicos insinuam que o a peça teria origem na frança e era carregada por povos nômades como uma espécie de deusa da fertilidade. Já encurtando esse espaço de tempo entre o período Paleolítico ao fim do período moderno, atravessamos vários conceitos e reflexões a cerca da nudez. A representação cotidiana e essencial na arte grega e egípcia, a criminalização da nudez em função da ferramenta de poder e expansão do Cristianismo, o renascimento italiano como exercício de resposta e imitação do olhar grego, o hipernaturalismo barroco, e o olhar vernacular de fotógrafos contemporâneos entendendo a observação do corpo com uma proposta spinoziana de parte integrante e integrada à natureza.
Seria difícil dissociar o nu masculino da representação social e consequentemente politica que a masculinidade implica na era antropocena, mas pensar sobre essa associação é fundamental nas discussões sobre corpo e imagem. A representação da violenta e absolutamente errônea superioridade masculina e o exercício dessa dominância sobre corpos dissidentes foram ao longo da história proclamados como "normais" e "naturais". As relações autoritárias da masculinidade são intrinsicamente ligadas aos atos sexuais onde os homens "reais" precisam ser sexualmente "potentes" para demonstrar "poder sexual". Sem um conhecimento adequado da sexualidade humana, o homem considera 'sexo' como outra agência de poder, dominação e governança, consequentemente a sua representação de corpo será entendida como moralmente recusada, em contra-partida a representação de corpos femininos como belo natural – objeto de posse e consumação.
Ao refletirmos sobre a representação do poder como agente opressor da linguagem e todos os seus possíveis desdobramentos, podemos indicar o nu masculino como uma ruptura da representação do poder masculino em si feminilizando a forma, de modo em que a fragilidade seja incentivada na linguagem gerada pela imagem.
Essa recusa do poder em função do belo natural encontra terreno fértil na Grécia Antiga, na perspectiva trágica sobre o humanidade se fundamenta na decadência corpo apresentado em diversos desenhos de observação da l'école française au XIXe, o olhar anatômico dando espaço para a transformação do corpo em produto e reprodução nos XEROX de torso de Warhol, na atividade vernacular de registro da juventude de Larry Clark ou mesmo na documentação das transformações e possibilidades do corpo masculino quando Fernanda Anzou pinta o seu irmão transexual.
A exposição propõe lidar com a história sem o peso da mesma, sem o caráter preciosista do tempo sobre o objeto de trabalho dos artistas. Isso permite com que, livre de regras, as observações de Picabia em seu desenho sobre a escala do corpo converse com os desenhos eróticos da mineira Solange Pessoa, que referenciam desenhos de sítios arqueológicos no Brasil. Cruzando a adoração ao corpo masculino de Mapplethorpe e as narrativas mitológicas de Wilhelm Von Gloeden, a mostra tangencia os olhares de Tarsila do Amaral e Eliseu Visconti como modernos observadores da forma.
Os trabalhos são apresentados como constelações de corpos presentes na arte, reunindo em referência ao Salão dos Renegados de 1787 a representação do corpo em modo a lembrar o jogo de imitações do fazer artístico, seja de cunho moral ou como ferramenta de linguagem, expondo por si só todas as fragilidades do objeto retratado, suas impossibilidades, belezas e temporalidades.
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Ecole Française vers 1920, Les gymnastes -
Ecole Française vers 1940, Tatouages -
Soufiane Ababri, Bedwork , 2020 -
Mark Beard, [Bruce Sargeant (1898-1938)] The Locker Room -
Eugène Bourgouin, Nu accroupi -
Athos Bulcão, Sem título, 1981 -
James Lee Byars, Untitled (Letter from James Lee Byars to Jim Butler), unknown year -
Jean-Daniel Cadinot, Stop n°11 -
Joseph Caprio, Jeans et cigarettes, 1983 -
Raymond Carrance, Nu allongé, 1960 -
Raymond Carrance, Nu, 1960 -
Raymond Carrance, Nu assis, ca. 1960 -
Flávio de Resende Carvalho, Nu masculino, 1957 -
Matheus Chiaratti, A Lover's Cock and Other Gay Poems, 2020 -
Ugo Cipriani, Coxswain -
Larry Clark, Untitled -
Jean Cocteau, Carte de vœux, 1953 -
Corbeau, Jean Marais dans les parents terribles, 1948 -
Adriano Costa, me atirei no pau do gato, 2021 -
Adriano Costa, Hamurabi, 2015 -
Fernando Marques Penteado, Quarteto 02, 2013 -
Fernando Marques Penteado, Boquete mediterrâneo, da série Wedgwood erótica, 2009 -
Tom of Finland, Leather Jackets -
Tom of Finland, Trio -
Agence Fulgur, Les pompiers à l'entraînement, 1940 -
Léon Galand, Narcissus, 1890 -
Luc Geslin, Nude, ca. 1960 -
Daniel Dewar & Grégory Gicquel, Oak relief with body fragments, 2019 -
Bruno Giorgi, Nu masculino, década de 40 -
Wilhelm Von Gloeden, Virgil with Lilies, ca. 1900 -
Alair Gomes, Untitled, from the Symphony of Erotic Icons series, 1966-1978 -
José Fiuza Guimarães, Academia (nu masculino), n.d. -
José Fiuza Guimarães, Academia (nu masculino), 1889 -
Antonio Manuel, Corpobra (Bodywork), 1970 -
Francisco Hurtz, Humilhados (serão exaltados), 2012 -
Francisco Hurtz, Fim de tarde, 2019 -
Daniel Lannes, Tok Stok, 2021 -
Daniel Lannes, O Adulto, 2021 -
Xie Lei, Continent, 2020 -
Xie Lei, Mare, 2020 -
Patricia Leite, Tapete voador, 2021 -
Fernanda Azou Lima, Trabalhe com o que vc gosta e nunca mais gostará de nada (Homenagem ao meu irmão), 2019 -
Robert Mapplethorpe, Alistair Butler, 1980 -
McDermott & McGough, The Spirit of the Hustler, 2003 -
Daniel Correa Mejía, El agua que somos (The water we are), 2020 -
Daniel Correa Mejía, Tú en mí (You in me), 2020 -
Daniel Correa Mejía, El caminante (The stroller), 2020 -
Pierre Molinier, Untitled, from the series "Mon Cul”, n.d. -
Pierre Molinier, Untitled, from the series "Mon Cul”, n.d. -
Pierre Paul Montagnac, La Danse, 1936 -
Shota Nakamura, Untitled, 2020 -
Shota Nakamura, a sleeping guy in meadow (yellow), 2021 -
Paulo Nazareth, sem título [homem nu] auto-retrato, 2002 -
Paulo Nazareth, ABOUT AN OLD SOCITY (SOBRE A VELHA SOCIEDADE) -
Paulo Nazareth, ABOUT A NEW TIME (SOBRE UM TEMPO NOVO) -
Ismael Nery, Figura, n.d. -
Ismael Nery, Casal Nú, 1929 -
Antonio Obá, Sem título, 2018 -
PaJaMa, Jack Fontan, 1940 -
PaJaMa, Glenway Wescott, 1940 -
PaJaMa, Jared French, 1940 -
Rodolpho Parigi, Untitled, 2021 -
Wallace Pato, De Cartola e Noel Rosa a Jorge pimentão e família., da série Alto Subúrbio, 2021 -
Solange Pessoa, Estudos para esculturas - penianas, 2011 -
Francis Picabia, Grossir une cellule jusqu'à des dimensions géantes..., 1931 -
Jack Pierson, Miguel Basil , 2014 -
Jack Pierson, (to be titled), 2021 -
Guglielmo von Plüschow, Jeune homme sur une peau de léopard, ca. 1890 -
Martine Riviere, Nude, 1990 -
Luiz Roque, Ex, 2014/2021 -
Thomaz Rosa, Não fique bravo | Don't be mad, 2021 -
Johann Moritz Rugendas, Índios, n.d. -
Patrick Safarti, Athletes, Benfica Stadium Lisbon -
Osmar Schindler, Zweigespräch -
Sascha Schneider, The Geniuses of History -
Paula Siebra, Nu na rede, 2020 -
Gustavo Silvamaral, 2 Padrãozin, 2021 -
Sarah Lucas and Julian Simmons, EGG MASSAGE, 2015 -
Wolfgang Tillmans, Triangulation, 2017 -
Unknown, Bas-Relief Fragment of a Sarcophagus, Late antiquity, 3rd - 6th century a.d. -
Erika Verzutti, Scale Drawing/Desenho em Escala, 2011 -
Eliseu Visconti, Untitled , n.d. -
Eliseu Visconti, Nu masculino, n.d. -
Eliseu Visconti, Nu masculino, n.d. -
Andy Warhol, Torso -
Bruce Weber, Untitled, 1984 -
Bruce Weber, Untitled, 1984 -
Maya Weishof, o viam diferente do que ele próprio se via, 2020 -
C.J. Wielhorski, [after Charles Sellier] The death of Abel, 1811 -
Ecole française du XIXème, Nu allongé -
Matthew Lutz-Kinoy, La Phalène, 2021
