NAZARETHANA Paulo Nazareth
NAZARETHANA narra muitas histórias. A começar pela mãe de Paulo Nazareth, Ana Gonçalves da Silva, e a sua avó, Nazareth Cassiano de Jesus, mas também diz a respeito de outras mães e avós ao redor do mundo. Além disso, conta sobre divindades de diferentes origens, como greco-romanas, africanas, ‘continente-americanas’, brasileiras, ‘pré-cabralianas’. Dividida em Cantos, a mostra faz alusão à uma epopeia sobre fé, religiosidade, política e ciência, que, como um grande caldeirão, mistura histórias que dizem a respeito tanto ao artista quanto à humanidade. Dividida por cores definidas pelo artista como manifestações da arte (manifestações sacras, arte é sagrado, como diz sua mãe), a mostra estabelece uma trama entre a oralidade e a história oficial.
A história de sua mãe e sua avó é uma das camadas fundantes da exposição. Nazareth, avó do artista, que trabalhou em fazendas constituídas sobre terras indígenas Boruns, foi enviada por seu “empregador” a Colônia de Barbacena (hospital psiquiátrico muito conhecido recentemente devido ao chamado Holocausto Brasileiro1), onde permaneceu internada por duas décadas até ser declarada desaparecida em 1964. Com poucas lembranças de sua mãe, Ana realizou, anos depois, uma viagem organizada por Paulo em busca de suas origens. Em reverência a Nazareth, Paulo carrega o seu nome como trabalho de arte preceito, o leva consigo e é levado por ele em suas caminhadas pelo mundo.
O prólogo da exposição é marcado com a cor preta nas paredes, evocando Calunga, entidade afro-brasileira conhecida popularmente como “preto-velho”. Calunga simboliza, ao mesmo tempo, o mar – o Atlântico – e o cemitério, dois espaços sagrados conectados pelas travessias forçadas de milhares de pessoas escravizadas lançadas ao oceano entre África e América. Ocupando toda a parede, o letreiro Assembleia de Deuses não apenas anuncia a multiplicidade divina, como também celebra a diversidade humana e a existência em suas muitas formas. Inserido no espaço da galeria, o letreiro transforma o ambiente em templo – casa de reza, lugar de encontro com o intangível, reforçando a arte como um lugar de atingir o não físico e material.
Adiante, um ambiente amarelo reverencia Oxum, senhora das águas doces, rios e cachoeiras. A orixá é símbolo de fertilidade e amor, e nas tradições diaspóricas da Umbanda e do Candomblé, protege gestantes e recém-nascidos. Neste Canto, desenhos e esculturas em bronze homenageiam divindades, muitas vezes esquecidas, oriundas de mitologias ancestrais. Em sua maioria, entidades das águas: de regiões nórdicas, da Europa, da África, e do Brasil, cujas histórias resistem, mesmo silenciadas pelo tempo.
Uma promessa de concretude do sonho, da felicidade e dos desejos se manifesta ao lado com a instalação Cinema Tropical. No ‘cinema’ uma projeção do filme homônimo a mesma, e diversos lambes cartazes sobre as paredes compõem um cenário imaginário nessa idealização tropicalista. Pensado num primeiro momento para ser exibido no inverno, o trabalho oferece imagens para “aquecer o coração”. Aqui o cinema também se apresenta como um templo, é um espaço de reunião, onde se compartilha a esperança e a construção de outros futuros.
No fundo da galeria a instalação MAMA (Museu da Mãe / Monumento a Mãe ), um trabalho em processo, propõe um espaço íntimo e coletivo para homenagear a própria mãe e as mães do mundo e ao gesto de ensinar, cuidar, narrar e partilhar. A instalação – iniciada na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), passou por instituições como o Museu Tamayo (México), o John Jay College (EUA) e algumas Casas de Detençao em Nova York –, convida o espectador à elaborar retratos de suas mães por meio do desenho e da escrita, formando um arquivo colaborativo de memória e reconhecimento da maternidade e da ancestralidade.
A partir dessa instalação o visitante acessa o espaço com o teto, chão e paredes brancas onde se homenageia a Eleguá ou Exu – senhor dos caminhos, guardião das encruzilhadas e dos mercados. No chão, contas vermelhas e pretas fazem reverência ao orixá. Esta instalação ocupa um ponto central, refletindo a potência de atravessamentos que essa entidade representa entre os mundos espiritual e material, conectando-se também com outros espaços de NAZARETHANA. Sua proximidade com o Canto MAMA sugere ainda a relação entre Exu e sua mãe, Iemanjá.
O corredor de cor de terra é uma saudação a Yansan, a orixá senhora da transformação e do movimento, quem controla os espíritos da morte e rege o destino dos viventes, impulsionando a luta pela vida. Neste interlúdio, pinturas de santos católicos pretos e indígenas dialogam com retratos da mãe do artista que veste camisetas com imagens de santos.
Num outro espaço do ambiente expositivo, o rosa é dedicado à manifestação de Ewá, divindade da vidência e da intuição, associada à criatividade e às infinitas possibilidades, que é correspondente à Santa Luzia na tradição cristã. Nas paredes, contrastam fotografias com ponto riscados de pemba, pertencentes ao acervo imaterial do Centro Espírita Caboclo Pena Branca, da Comunidade Quilombola Namastê (Ubá, Minas Gerais). No meio do espaço, estabelece-se uma nova configuração da Santa Ceia, com resinas de produtos que levam nomes de santos, como Guaraná Jesus, Biscoitos São Tiago e o filtro São João em que é possível se servir de água de beber.
O epílogo dessa epopeia, que não é começo, nem fim, mas pode ser visto como uma travessia, é composto por uma piscina com areia que dialoga com o bordado na parede: Nós podemos nadar / We can swim. Como parte de sua história, Paulo Nazareth ainda não aprendeu a nadar por receio de sua mãe dos espíritos das águas e o medo imposto pelos invasores grileiros das terras. No piso, reproduções de bloquetes de Dakar, Senegal, que representam símbolos da realeza e o baobá que traz a memória ancestral. A cor azul remete a conversa entre o mar e o firmamento. A areia – entre caminhar e submergir – relembra que o ser humano, como outros andantes e alados, veio da água, que já soube nadar, e, portanto, pode reaprender.
NAZARETHANA apresenta-se como uma cartografia das narrativas de Nazareth e de suas linhagens –familiares, divinas e territoriais – que atravessam e são atravessadas por memórias. Ao reunir o que o artista define como arte de preceito – aquilo que é feito como fala, reza, ato sagrado e existência múltipla e “multiversa, pluriversal” –, a exposição propõe um espaço-tempo de comunhão, reflexão e aprendizado de um tempo plural evocado pelo filho de Ana.
-
Paulo Nazareth, PAMB NZILA, 2025
-
Paulo Nazareth, Exu-Zeh, 2024-2025
-
Paulo Nazareth, Nave, 2025
-
Paulo Nazareth, Jesus é um homem negro, 2025
-
Paulo Nazareth, Jaci Ha Kuarahy, Lua y Sol y outros gêmeos y outros amantes, 2025
-
Paulo Nazareth, Deus te olha, 2025
-
Paulo Nazareth, Mundo, 2018
-
Paulo Nazareth, Futuro, 2024
-
Paulo Nazareth, Como eu ela devia gostar do sabor da fruta do Araticum, 2025
-
Paulo Nazareth, Basileia - dizem que tem gente que chegou d'água, 2025
-
Paulo Nazareth, Andava ereta mas subia em árvores como eu, 2025
-
Paulo Nazareth, Assembleia de Deuses, 2025
-
Paulo Nazareth, Lilith, 2021
-
Paulo Nazareth, Magdalena, 2025
-
Paulo Nazareth, Lucy, 2020
-
Paulo Nazareth, No te quiero patron, 2022
-
Paulo Nazareth, Nice, 2022
-
Paulo Nazareth, Profetas, 2025
-
Paulo Nazareth, Origem, 2022 - 2025
-
Paulo Nazareth, Nazarethana, 2024
-
Paulo Nazareth, Cabra, 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled | Sem título, 2006
-
Paulo Nazareth, BOTOCUDOS HERITAGE - ANA MÃE I & II - and BOTOCUDOS HERITAGE - ANA FILHA , 2019
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Divino series] | Sem título [série Divino], 2025
-
Paulo Nazareth, Deus Negro, 2018
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Errar EH Humano, 2022
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Untitled [Elegua series] | Sem título [série Elegua], 2018 - 2025
-
Paulo Nazareth, Anastacia, 2025
-
Paulo Nazareth, Antonio, 2025
-
Paulo Nazareth, Aty Guasu, 2025
-
Paulo Nazareth, BACCHUS, 2025
-
Paulo Nazareth, Benedito, 2025
-
Paulo Nazareth, Catagero, 2025
-
Paulo Nazareth, Cérbero, 2025
-
Paulo Nazareth, Ciriano, 2025
-
Paulo Nazareth, Cruz, 2025
-
Paulo Nazareth, DIONISIO ENCONTRA EXUH Y PROVA UM COPO DE CACHAZSA, 2025
-
Paulo Nazareth, Dizem que foi um copo de cachazsa, 2024
-
Paulo Nazareth, Essa Coisa de Amor, 2021
-
Paulo Nazareth, Essa Coisa de Amor, 2021
-
Paulo Nazareth, Hades, 2025
-
Paulo Nazareth, Indico, 2025
-
Paulo Nazareth, Jorge, 2025
-
Paulo Nazareth, Kitembo, 2025
-
Paulo Nazareth, Kronos, 2025
-
Paulo Nazareth, Lázaro, 2025
-
Paulo Nazareth, Maria, 2025
-
Paulo Nazareth, Nereu, 2025
-
Paulo Nazareth, Oceano, 2025
-
Paulo Nazareth, Mata Fome, 2020
-
Paulo Nazareth, Palmital, 2020
-
Paulo Nazareth, Prometeu a Duvida, 2024
-
Paulo Nazareth, Prometeu a Duvida, 2024
-
Paulo Nazareth, Prometo, 2023
-
Paulo Nazareth, Proteu, 2025
-
Paulo Nazareth, Rock, 2025
-
Paulo Nazareth, Sebastião, 2025
-
Paulo Nazareth, Sekhmet, 2025
-
Paulo Nazareth, Tadeu, 2025
-
Paulo Nazareth, Ogum, 2025
-
Paulo Nazareth, Proteu, 2025
-
Paulo Nazareth, Missionario, 2025
-
Paulo Nazareth, Enterro, 2025
-
Paulo Nazareth, todos os dias do sempre, 2021
-
Paulo Nazareth, Varuna, 2025
-
Paulo Nazareth, Tacape, 2025
-
Paulo Nazareth, Festejo, 2025
-
Paulo Nazareth, Nossa Senhora das Matas Grandes, 2025
-
Paulo Nazareth, Batida, 2025
-
Paulo Nazareth, Em nome da Mãe, 2006
-
Paulo Nazareth, São Benedito, 2022
-
Paulo Nazareth, MAMA (Museu de la Madre), 2023
-
Paulo Nazareth, Depois da encruzilhada, 2025
-
Paulo Nazareth, Olho de Deus, 2025
-
Paulo Nazareth, Cinema Tropical, 2025
-
Paulo Nazareth, Desert Flower, 2016
-
Paulo Nazareth, Buterfly, 2022
-
Paulo Nazareth, Cinema Tropical, 2025
-
Paulo Nazareth, Cristo, 2024
-
Paulo Nazareth, Omolú, 2024
-
Paulo Nazareth, Ainon, 2025
-
Paulo Nazareth, Nanã, 2025
-
Paulo Nazareth, Divino, 2025
-
Paulo Nazareth, Yara-Yemanjá, 2025
-
Paulo Nazareth, Biografia, 2022
-
Paulo Nazareth, Mãe Ana y Nossa Senhora, 2025
-
Paulo Nazareth, São Benedito, 2025
-
Paulo Nazareth, Santa Kateri Tekakwitha, 2025
-
Paulo Nazareth, São Jerônimo, 2025
-
Paulo Nazareth, João de Camargo Santificado, 2025
-
Paulo Nazareth, Santa Ifigênia, 2025
-
Paulo Nazareth, Santo Antonio de Categeró, 2025
-
Paulo Nazareth, Santa Josefina Bakhita, 2025
-
Paulo Nazareth, São Benito, 2025
-
Paulo Nazareth, Santo Elesbão, 2025
-
Paulo Nazareth, São Martinho de Lima, 2025
-
Paulo Nazareth, São Bento, o Mouro, 2025
-
Paulo Nazareth, Mãe Ana y o boi y Cosme & Damião, 2025
-
Paulo Nazareth, Santa Ceia, 2025
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, [Untitled, from Pemba series] | Sem título, da série Pemba, 2024
-
Paulo Nazareth, Untitled [Nos podemos nadar] | Sem título [Nos podemos nadar], 2025