Plums, Under Cover Kasper Bosmans

Apresentação

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a primeira exposição individual de Kasper Bosmans em Paris: Plums, Under Cover. 

Para marcar a ocasião, o artista, que vive em Bruxelas, embarcou em uma jornada repleta de fantasia, tendo como ponto de partida a descoberta de um belvedere do século XVI, localizado no Jardim Real do Castelo de Praga, que mais tarde se tornou o local de autoisolamento do Imperador Sacro Romano Rudolf II. Segundo a lenda, a sexualidade peculiar do governante boêmio levou à sua consequente deposição do poder e a uma vida reclusa dedicada ao estudo da astronomia. Essas histórias fora do cânone são, frequentemente, a inspiração de Bosmans para criar narrativas que lançam luz sobre o passado e ajudam a projetar novas possibilidades para o futuro. Bosmans se interessa por histórias que aludem ao universo queer, o termo genérico com o qual o artista se sente mais confortável para desenvolver sua prática baseada em poesia visual. 

Em Plums, Under Cover, Bosmans imagina histórias que ultrapassam o tempo: amantes que fazem cruising entre as cerejeiras de cidades medievais, pica-paus que se transformam em viajantes do tempo e pássaros cuco que cantam sobre o despertar sexual. A fantasia deliberada presente em seus trabalhos revela o desejo do artista de apresentar histórias mais divertidas do que historicamente precisas. Os personagens que habitam a exposição são construídos nas margens do que é considerado importante pela tradição, e são seus status periféricos que os tornam contribuições fundamentais. Os elementos animais recorrentes, como morcegos, carpas ou baleias, compõem uma das principais narrativas da exposição. As dinâmicas de poder persistentes e as expectativas dos humanos em relação aos animais encontram uma representação alegórica na obra de Bosmans. Da mesma forma, o artista brinca com ideias de tempo e realidade, oferecendo encontros surpreendentes que quebram barreiras na exposição.

Na Place des Vosges, ao longo dos dois andares da galeria, os visitantes encontram esculturas, desenhos, pinturas e instalações lúdicas. Seus títulos instigantes, emprestados do folclore, mitologia ou tradições orais, ecoam a influência do precioso conhecimento anônimo em nossas experiências cotidianas. Por fim, na última sala da exposição, Bosmans cria sua própria versão do belvedere: um ponto de referência para histórias nascidas da libertação e não do isolamento. Nesse ambiente semelhante a uma floresta, descrito pelo artista como um autorretrato – ele mesmo um homem (man) da floresta (bos), de acordo com a língua holandesa – é um portal mágico que cede à imaginação. 

Conhecido por sua abordagem multifacetada e divergente à criação artística, com obras que vão desde esculturas e instalações até pinturas e desenhos, a prática de Kasper Bosmans é uma complexa mistura de alta arte e literatura, cultura popular, mitologia e antropologia, vista através de uma lente queer e minimalista, que observa e reinventa de forma subversiva e lúdica as narrativas que preponderam em nosso mundo. Adotando uma abordagem editorial, Bosmans recorta, cola e reúne anedotas e episódios que atravessam todas as histórias, culturas e sociedades, identificando ressonâncias excêntricas, idiossincráticas e poéticas que unem forma e significado em uma prática essencialmente conceitual. Nada está fora dos limites para Bosmans, que tem um carinho especial pelas histórias mais obscuras, queer e marginalizadas, desde histórias de santos travestis até exemplos de celibato e monogamia no reino animal. Bosmans cutuca e provoca conexões em seu trabalho que são significativas para seu mundo pessoal. No entanto, as narrativas resultantes não deixam de adquirir uma ressonância universal. 

Obras
Vistas da exposição