Sounds of Fucking, Sounds of Dying Michael Dean

Apresentação

Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a primeira exposição do artista inglês Michael Dean no Brasil, Sounds of Fucking, Sounds of Dying. A exposição reúne cerca de quinze esculturas e marca a abertura do novo espaço da galeria na Vila Romana. Ocupando o espaço com uma solenidade quase megalítica, as esculturas em concreto de Dean estremecem, se dobram, e brincam ao longo das paredes, algumas em pé, como marcos de pedra – firmes, mas com um ar de precariedade. Semelhantes aos marcos de pedra europeus ou megálitos, as esculturas têm uma imensidão selvagem para as mesmas, como se elas aderissem em conjunto ao conceito e a paisagem, misturando símbolo e natureza sem indício de separação.

Na vida humana, sexo e morte são experiências fundamentais que existem em uma esfera em excesso de linguagem. Dean escolheu Ns e Hs como seu retrato tipográfico de uma expressão à beira da inteligência, cheio de consciência e ao mesmo tempo retirado do significado. Grandes runas, as esculturas são faceadas com recortes tipográficos e na parte de trás apresentam movimentos orgânicos longos feitos pela mão do artista; uma moeda de duas faces, formal e rígida de um lado e orgânica e gestual do outro. Línguas gigantescas estão colocadas no alto de uma escultura ou de outra, mais carne do que fala, ponderam em silêncio aqui e ali. Uma língua verde colocada de maneira jocosa no alto, acima da entrada da galeria, demarca o lindo espaço entre a forma e a linguagem. Como se perguntasse, o que é a carne feita palavra?

Ns e Hs soam como sexo ou como os ruídos que emitimos ao morrer; Dean os define como símbolos da mente pré-conceitual – marcadores de página para um espaço em nossa experiência que não podemos descrever. Shakespeare também fez isso, embutindo a grande exclamação trágica O! nos nomes de seus personagens Otelo e Ofélia. Quando a expressão de dor excede a linguagem conceitual, um som pode conter mais do que uma palavra.

Em direção à entrada da exposição, um livro com seqüências de Ns e Hs está posicionado sobre uma mesa. Impressas aleatoriamente em linhas de personagens alternados, as páginas poderiam ser os ossos de um soneto ou um código binário que subscreve a expressão lingüística. Como as esculturas que eles descrevem, eles são completos em fragmentos, peças duradouras e em ruínas de alguma antiga cerâmica, que quando despedaçadas, na verdade se tornam indestrutíveis – assim também os fonemas, as iterações que eles encerram, são como as pontas duras de linguagem desconstruída em sua durabilidade atômica.

Obras
Vistas da exposição