rivieras___bags___scarves___alps Fernando Marques Penteado

Apresentação

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar rivieras___ bolsas ___ echarpes ___alpes, terceira exposição individual do artista paulistano f.marquespenteado na galeria. O artista convida o visitante à uma viagem para um lugar distante, de glamour antigo, Rivieras e Alpes, cassinos, paraísos fiscais e turísticos. Em sua nova série feita a partir de bolsas e echarpes, o artista investiga a tensão limítrofe entre o consumo e o colecionismo em um tempo de excessos e incongruências; seus trabalhos remetem às técnicas de artesanato e trabalhos manuais como o bordado, a pintura e a colagem têxtil, todas elas lidas em grande maioria como artes menores, de tradição feminina.

Ao pesquisar a origem dos meios de produção em suas diferentes cadeias e razões, f.marquespenteado propõe uma reflexão sobre o tema e suas contradições; para além de uma razão estética, o artista expõe a  relação entre o esvaziamento de significado da experiência de consumo, seja de manufaturas, propriedades intelectuais ou tickets de aceitação social.

Segundo o artista:

A palavra objeto deve ser sempre lida no plural. objetos nascem de origens geográficas contrastantes, de manufaturas com segredos únicos e apresentam desenhos complexos e variados mundo afora. e assim sendo, de um povo para o outro, objetos põem-se a serviço de seus criadores de modos diversos. em terra aonde houve um certo cultivo haverá uma certa colheita e a sociedade local se fará servir também de tudo o que dela em particular se extraiu: essa recolha é a sua real cultura. seus objetos, por sua vez, retêm a matriz das diferentes naturezas que vicejam em suas terras e nas almas de sua população. assim, e para toda as sociedades, o patrimônio de seus objetos locais são a sua mais particular feição, e a sua moeda.

O nosso gosto pelo excêntrico fomentou os nossos comércios, gesto sem o qual não seríamos humanos já que a nossa interdependência vivencial, relacional, emocional e carnal com e como seres humanos é a nossa mais importante essência. entretanto, essa mesma força das trocas criou delírios e excessos, vontades hoje irrefreáveis de consumo. os bens e o bem-estar pessoais os quais acabamos por almejar fizeram crescer de modo aberrante o número de ‘coisas’ hoje produzidas e irrefletidamente descartadas.

Além disso, deixamos de admirar objetos existentes que  nos circundam, deixamos de lhes outorgar o mérito, a beleza e o requinte que lhes cabe, e que repousam em sua simplicidade e economia, em seus desenhos singulares e execução primorosa. e para o seu infortúnio, no mundo ocidental moderno aos objetos lhes auferiram a patina do gosto. desfilam-se os mesmos gostos em cenários icônicos, e hoje constroem-se vaidades por entre os equipamentos de esqui para uma estação de neve, os figurinos de praia e os cenários de  encontros em iates, entre drinks e o por de sol. meio a tudo isso, pouca gente consegue discernir o local em si próprio, qual é o seu registro pessoal, a sua cultura interior e o seu real.

Obras
Vistas da exposição