Vamos chamar o vento Patricia Leite

Apresentação

Mendes Wood DM São Paulo tem o prazer em apresentar a quarta exposição individual de Patricia Leite na galeria, intitulada Vamos chamar o vento, a mostra reúne desenhos em pastel oleoso, colagens e pinturas recentes.

Patricia Leite no embrionário processo de sua pintura tem o desenho como um ponto de partida autônomo às telas, de maneira peculiar, estudando as camadas de cores, formas e linhas separadamente, seguindo uma norma semelhante a de composição musical. Essas diferenças entre os elementos da imagem são mantidas nos desenhos iniciais em pastel oleoso, os tons possuem uma individualidade em certo tempo e cadência, suspensos de qualquer ordem objetiva.

As colagens e desenhos de Leite refletem um desejo pessoal da artista para o exercício de liberdade e coragem, olhando para o inicio de sua carreira nos anos 80, quando a abstração e as formas soltas no papel guiavam a artista na construção de imagens do fundo do mar, do vento, do som de um violão, pensamentos imateriais e fundamentos das sensações humanas.

A introdução à pintura de Leite se apresenta sob austeridade da paisagem, assim como a canção praieira de Dorival Caymmi de 1940 que dá título a exposição, O Vento. A canção revela de maneira essencial um dos caminhos possíveis para a relação dos desenhos às pinturas em madeira de Leite. A letra narra a cíclica dependência do sistema de vida de uma vila de pescadores para com o o vento, o mar e os animais: vento que dá na vela / vela que leva o barco / barco que leva a gente / gente que leva o peixe / peixe que dá dinheiro, Curimã. As repetições rítmicas da canção sugerem um movimento em camadas, como se a rotineira ação da pesca e contemplação de forças naturais criassem a paisagem de Caymmi. Essas repetições são o eixo que une o processo inicial que se dá nos desenhos e colagens de Leite e no ato final de sua pintura.

Os trabalhos apresentados nessa exposição refletem as bases abstratas da paisagem de Patricia Lete mas narram os signos que constroem o olhar da artista ao que é conhecido de sua pratica, como o trabalho Chuva, 2020 – camadas de óleo que revelando o violeta sob o azul cobalto dimensionam o trabalho da pintora mineira o seu exercício de contemplação e união de forças estéticas.

A exposição fragmenta as ferramentas da pintura de Patricia Leite ao apresentar os desenhos e colagens e depois os une quase que musicalmente nas três pinturas em madeira presentes. Essa construção poética é para a artista um movimento de generosidade para o tempo e as coisas, mas principalmente para a compreensão da paisagem como uma observação da natureza e das necessidades humanas.

Patricia Leite (Belo Horizonte, 1955) vive e trabalha em São Paulo.


Suas obras participaram de mostras coletivas institucionais como Mínimo, múltiplo, comum, Estação Pinacoteca, São Paulo (2018); Aprendendo Com Dorival Caymmi - Civilização Praieira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2016); The Circus as a Parallel Universe, Kunsthalle Wien, Viena (2013); Procedente, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2008).

Obras
Vistas da exposição