To Empty Out Krzysztof Grzybacz

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar o mais recente conjunto de obras de Krzysztof Grzybacz, em sua primeira exposição individual na galeria de Bruxelas.

Sob sua superfície aparentemente polida, To Empty Out se revela como uma exposição repleta de contradições que, segundo o próprio artista — conhecido por buscar, em seus trabalhos, o “choque de forças” entre gravidade e leveza —, sobrepõe temas sérios e lúdicos. Por meio de florais sublimes, cenas irreverentes e retratos crus da vida social, Grzybacz equilibra contemplação e observação, transitando entre a precisão pictórica e a expressão intuitiva, nesta que é uma exposição profundamente pessoal. O artista inicia cada pintura com esboços e desenhos, mas, diante do plano branco, entrega-se à tela em um fluxo de consciência — esvaziando a própria psique ao seguir sua intuição em diálogo com a superfície, numa conversa espontânea e livre, porém ambiciosa, baseada em precisão e técnica.

Em contraste com seus primeiros conjuntos de naturezas-mortas — que retratavam produtos manufaturados, como cosméticos, isqueiros e cortadores de unhas —, To Empty Out se concentra em flores, um tema recorrente nas pinturas de Grzybacz desde 2022. O artista aborda o motivo botânico de modo notável em Colors of the Eyes (2022), obra que explora a paleta cromática da íris de seu modelo por meio de uma linha de flores. Suas obras mais recentes dão continuidade a essa trajetória, combinando crisântemos, dálias, prímulas, ranúnculos e papoulas com o corpo humano, o tecido e o autorretrato. Composições policromáticas de saturação suave inspiram-se na natureza e na memória, refletindo a convicção do artista de que as flores, cada uma com sua cor própria, “são as verdadeiras heroínas da cor”. Grzybacz, que entende suas representações florais como um gesto de rebeldia diante das expectativas que se impõem a ele como artista contemporâneo, evita referências diretas ao léxico da pintura. Embora trabalhe com plena consciência da história da arte, a natureza de sua infância — aliada ao impulso de alcançar a perfeição natural — define grande parte de seu foco recente. A estrutura e a disposição do motivo floral também resultam de um processo pictórico meditativo: “Quando pinto flores, não recorro a fotos nem a catálogos. Tento recorrer ao meu próprio catálogo.” As flores de sua imaginação desabrocham na tela em uma ordem geométrica, rítmica, quase universal.

Os trabalhos mais recentes de Grzybacz se caracterizam por uma sobreposição visceral e literal do tema central da exposição. Corporais, primais e caóticos, muitos trabalhos retratam interações humanas vívidas, diálogos nos quais ocorre um esvaziamento por meio da comunicação verbal e física com o outro. As flores aparecem aqui como enfeites grotescos, sátiras da condição humana. O pintor é um observador silencioso de uma multidão ruidosa; nota o riso, os dentes e as partes do corpo que escapam desajeitadamente das roupas. Os elementos se espelham e se multiplicam, florescendo e se desdobrando, brotando e se sobrepondo num movimento contínuo — denso, porém fluido, um turbilhão em plena floração. Entre presenças vivas e naturezas-mortas, “o símbolo das flores tem um sentido social; elas estão destinadas a morrer e desaparecer”, diz o artista, que se inspirou simbolicamente em plantas pirogênicas — aquelas que florescem em resposta ao fogo — ao criar as obras de To Empty Out.

Em última instância, a técnica de Grzybacz revela equilíbrio e organização. O artista constrói suas imagens removendo o excesso de tinta para revelar e explorar camadas mais finas. Esse processo confere às obras um halo de difícil apreensão, uma qualidade quase etérea. Ao representar forças em conflito, as pinturas afirmam uma estabilidade rara — transmitem a sensação reconfortante de contemplar uma imagem aparentemente segura e definida. Trata-se de um processo de subtração, de esvaziamento da superfície para deixar espaço apenas aos elementos essenciais da forma e do sentido.

– Helena Czernecka