Miguel Bakun

Apresentação

A Mendes Wood DM Bruxelas tem o prazer de apresentar Miguel Bakun: uma exposição individual que traz uma seleção cuidadosa de pinturas de paisagens produzidas pelo artista brasileiro na primeira metade do século XX.

Apontado muitas vezes como um artista outsider, Miguel Bakun foi um pintor autodidata, que dedicou 30 anos de sua breve, mas prolífica, vida à arte. Nascido em 1909, filho de pais ucranianos estabelecidos no sul do estado do Paraná, Bakun sonhava em viajar pelo mundo e conhecer as paisagens situadas além dos campos de sua cidade natal, localizada no interior do estado. O pai de Bakun transmitiu ao filho a crença de que, para realizar seu sonho, ele precisaria estar perto do mar. Seguindo o conselho do pai, Bakun se alistou no serviço naval aos 17 anos. Na marinha, ele começou a fazer experiências com desenho e pintura em seu tempo livre, uma paixão que ele perseguiu de forma permanente, quando seus sonhos foram interrompidos por um acidente que encerrou prematuramente sua carreira militar.  

A configuração estética do mundo de Bakun surge de uma série de expectativas não realizadas: crescer em uma cidade provinciana em um país emergente, ter que renunciar às suas ambições e, o mais importante, não conseguir alcançar o reconhecimento artístico convencional em vida. No entanto, apesar da melancolia que se vê à primeira vista em suas pinturas, como em Paisagem (1950), uma luminosidade notável se destaca em todas as suas composições. Além disso, Bakun era um artista que criava com gestos rítmicos livres, compondo cada pintura a partir de um processo direto e sem um desenho preexistente orientando cada decisão. Vida, luz e movimento foram os predicados de sua produção, prova disso é a experiência Paisagem com Araucárias (1950).

Outro aspecto recorrente no estilo de pintura de Bakun é a ausência de planos claramente definidos que separem a composição e a estrutura visual de seus trabalhos. Em vez disso, o artista criou sua própria linguagem visual ao entrelaçar forma, cor e espaço. Em um contexto crítico, pode-se entender essas realizações como um reflexo do modernismo brasileiro e dos seus exponentes, que incluem Alfredo Volpi, Iberê Camargo e José Pancetti, este último com quem Bakun manteve contato. 

Durante as três décadas de sua carreira, Bakun teve a oportunidade de participar de exposições coletivas e salões importantes, e, apesar de exemplos selecionados de retratos e naturezas-mortas, as paisagens moldaram significativamente sua carreira artística, muitas vezes, tumultuada. Inibido por limitações financeiras, Bakun trabalhou com uma paleta moderada de marrons, cinzas e amarelos quase que de forma exclusiva – uma limitação que o levou a aproveitar o processo e não os meios. Embora o apreço generalizado por Miguel Bakun tenha surgido somente após o falecimento do artista, o legado de sua obra traduz a experiência de viver como um artista outsider e continua a inspirar novas gerações de pintores.     

 

Miguel Bakun (1909, Mallet, Brasil – 1963, Curitiba, Brasil). 

Miguel Bakun foi destaque em inúmeras exposições individuais, como na Simões de Assis, São Paulo (2019); no Museu Oscar Niemeyer – MON, Curitiba (2010); na Casa Andrade Muricy, Curitiba (2009); e no Instituto de Arte Contemporânea – IAC, São Paulo (2009). Além disso, seu trabalho foi apresentado em exposições coletivas, como na ABERTO/02, São Paulo (2023); no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2019); e na Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo (2000). 

    

Sua obra está presente em importantes coleções, como as do Museu Oscar Niemeyer – MON, Curitiba; da Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; do Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC, Curitiba; e do Museu Paranaense, Curitiba.

 

 

Obras
Vistas da exposição