Collage David Salle

Apresentação

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar Collage, a primeira mostra indivudual do artista americano David Salle no Brasil. A exposição em São Paulo será a inauguração internacional de uma nova série de 15 colagens juntamente com uma seleção de duas pinturas. A mostra vai enfatizar um grupo de obras que representa o novo rumo tomado por Salle nos últimos anos, e pelo qual aplica os princípios da justaposição que se tornaram possíveis com a colagem.

O artista têm exposto pelo mundo desde o fim dos anos 1970, participou do Documenta 7 (1982), da Bienal de Veneza (1982 e 1993) e da Whitney Biennial (1983, 1985 e 1991), dentre diversas outras exposições internacionais. O artista é considerado um dos principais do movimento que mais tarde ficou conhecido como Pictures Generation, dos anos 1980, nos Estados Unidos. Ao lado de grandes artistas como Sherrie Levine, Robert Longo, Cindy Sherman, que lidavam com formas de apropriação da grande mídia, David Salle desenvolveu uma gramática visual muito singular, embora inspirada pela grande tradição da pintura.

Ele desenhou a criatividade para seu vocabulário visual incrivelmente rico especialmente a partir de fotos já existentes, na maioria dos casos, tiradas de revistas de moda. Aplicando a técnica pós-moderna do pastiche, o trabalho de imagens com diversas camadas de Salle tende a adequar formas prontas a uma única tela. Sua pintura combina diversas técnicas e motivos reunidos em diferentes formas de apresentação. Grades, figuras, palavras, objetos abstratos... seu sistema visual brinca com justaposições formais e conceituais, as quais se tornaram a particularidade de sua composição.

Trabalhando com diversos meios, Salle cria uma instalaçao com múltiplas referências culturais. De modelos de história da arte a publicidade e cultura do dia a dia, tudo se transforma em material em sua sintaxe artística. Isso faz com que diferentes narrativas e estilos cohabitem em uma superfície comum.

Desde meados dos anos 1980, o trabalho de Salle regularmente inclui elementos e alusões a imagensde outros artistas. Desde pintores barrocos até o pós-impressionismo de Cézanne, Magritte ou Francis Picabia, e até a arte norte-americana do pós-guerra. Este processo de referências juntamente com imagens sobrepostas cria certo efeito de multiplicação semântica, o qual Salle manteve em suas colagens recentes.

O artista se utiliza das mesmas regras da composição, de diversas imagens em uma grade em seu novotrabalho. Com a colagem intitulada Brady, Salle reúne uma imagem branca e preta de uma simples bola de golfe, um copo marrom delicado de álcool ao lado do corpo inclinado de uma mulher, com os seiosnus e as pernas abertas. Seu sexo aberto ao espectador faz uma clara alusão a algo que antes era considerado provocativo, Origine du monde, pintado por Courbet em 1866, que mostrava um close da genitália feminina, e que hoje torna-se uma imagem banal.

A grade impõe um ritmo, linhas retas seguem a verticalidade e trocam as imagens. As colagens aparentemente estão colocadas ao contrário, dando ao espectador certa sensação de confusão. Na obra Beach, Salle inclui um elemento, o Vortex, que torna-se parte de sua linguagem visual desde 2004. O espiral é um experimento anamórfico localizado no centro da tela, uma distorção de motivos inspirados pela estética do computador. Falando tecnicamente, o vortex é um relato do controle e autoridade extremos de seu autor; é uma forma de obter um registro iconográfico de um momento fixo. Instantaneamente, toda a referência do sonho americano dos anos 1960 refletido na escolha das imagens torna-se distante.

Salle usa suas colisões de motivos como forma de dar à pintura total autonomia, seu trabalho tenta capturar uma emoção enquanto libera o olhar do espectador.

David Salle nasceu em 1952, em Norman (Oklahoma). Ele trabalha e vive em Nova York. As exposições individuais recentes de David Salle incluem: Skarstedt Gallery (Nova York, 2013, Galerie Thaddaeus Ropac (Paris, 2013), Lever House Art Collection (Nova York, 2012), Galerie MET, (Nova York, 2011), Mary Boone Gallery, (Nova York, 2011), Maureen Paley (Londres, 2011), Beaux Arts (Hannover, 2009), Museo de Arte Contemporaneo de Monterrey (México, 2000), Stedelijk Museum (Amsterdã, 1999); Guggenheim Museum (Bilbao, Espanha). Ele participou de grandes apresentações, como na Tony Shafrazi Gallery (Nova York, 2012), Museum of Contemporary Art Chicago (Chicago, 2011), Faurschou (Pequim, 2008), Tate Modern, (Londres, 2008), MARCO Museo de Arte Contemporánea de Vigo (Vigo, 2008), Regina Gallery (Moscou, 2008), entre outros.

– Estelle Nabeyrat

Obras
Vistas da exposição