Rubem Valentim

Apresentação

A Mendes Wood DM São Paulo tem o prazer de apresentar a primeira exposição individual de Rubem Valentim na galeria.

Rubem Valentim começou a produzir seu trabalho no final dos anos 1940 como pintor autodidata. Os trabalhos de Valentim unem diversas fontes da herança cultural brasileira; referenciando as tradições populares da produção de cerâmica nordestina na Bahia às propostas modernistas do Sudoeste e a ideia de antropofagia cultural. No caso de Valentim, o desenvolvimento formal de ideias construtivistas é recriado para os padrões brasileiros no que diz respeito não apenas à produção artística formal, mas ao pensamento histórico e político.

Valentim explora o universo religioso brasileiro, esses signos ou emblemas são originalmente geométricos. No seu trabalho, ele é reorganizado em geometrias mais rigorosas compostas por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e cubos. Dessa forma, o artista desenvolveu um repertório pessoal que, junto com a noção do espaço pictórico e estudo cromático, desdobra várias possibilidades. Seu estudo cromático proporciona uma linguagem para os elementos presentes, uma nova simbologia, permitindo aos seus trabalhos serem revelados iconograficamente para aqueles que tem, ou não, referências das religiões afro-brasileiras. A semiologia presente no seu trabalho propõe a união do sagrado e do cartesiano, suas referências em questões espirituais são feitas quase que matematicamente.

A busca por uma linguagem artística exemplificada pela miscigenação cultural brasileira pode também ser reforçada pelo fato do artista ser descendente afro-brasileiro, buscando retratar sua conexão cultural de forma pictórica. O uso repetitivo desses elementos está no conjunto de cores vivas. Para realçar a intensidade cromática, o branco aparece frequentemente como plano de fundo. Seu trabalho tem um significado intrínseco do rito, da cerimonia, além da apropriação de formas geométricas abstratas para compor.

Valentim viveu no Rio de Janeiro entre 1957 e 1963 onde ele se tornou um professor assistente de Carlos Cavalcanti, ensinando História da Arte no Instituto de Belas Artes. Ele se mudou para Roma em 1963, com o prêmio de viajar para o exterior, conquistado no Salão Nacional de Arte Moderna – SNAM. Em 1966, Valentim participou do Global Festival of Black Arts em Dakar. Retornando ao Brasil, ele se mudou para Brasília e ensinou pintura no Instituto de Arte da Universidade de Brasília – UnB. Em 1972, ele fez um muro de mármore para a sede do governo em Brasília.

Em 1979, Valentim esculpiu uma escultura de concreto maciço, instalado na Praça da Sé, em São Paulo, definindo a mesma como Estrutura Sincrética da cultura afro-brasileira e, no mesmo ano, é nomeado pela comissão de críticos para fazer cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para o qual ele recriou símbolos afro-brasileiros para um importante edifício público. Em 1998, o Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM/BA, inaugurou a Sala Especial Rubem Valentim no Parque das Esculturas.

O trabalho de Valentim faz com que os fatores sócio-políticos e históricos que formam o atual entendimento do Brasil, sejam tangíveis. A maioria dos quais ressoa nos dias atuais, como repercussões do processo colonial do Século XVI na América Latina e no Século XIX na África. Para além de tudo, os trabalhos fazem referencia à ameaça sempre presente contra uma consciência progressista humanista nos dias atuais.

A mostra individual de Rubem Valentim na Mendes Wood DM é realizada em colaboração com o Instituto Rubem Valentim e Almeida e Dale Galeria de Arte. 

Vistas da exposição