Paulo Nimer Pjota

Apresentação

O Curador Gunnar Kvaran escreve sobre as práticas de Pjota:
Plantas, cristais, caveiras, flores, corpos humanos, peixes, objetos mecânicos, caranguejos, partes do corpo, palavras e frases isoladas flutuam em uma variedade de escalas e tamanhos nas telas de Paulo Nimer Pjota, aparentemente de forma casual e fortuita. Sua iconografia vem de uma longa tradição de narrativas visuais e de sua experiência como artista de grafite nas ruas de São Paulo, contando histórias complexas sobre o comportamento humano, sobre a existência, e acima de tudo, sobre a nossa relação com a cidade.

No entanto, a narrativa de Pjota nunca é literal ou direta, mas sim um tanto metafórica, atmosférica e sugestiva, referindo e enfatizando a aleatoriedade dos objetos, sinais e materiais encontrados e complementada pela imaginação do espectador. Em sua paisagem urbana encontramos uma constelação de imagens não-hierárquicas, não-lineares, narrativas abertas, onde deslizamos de um nível de significado para outro, e onde tempo e espaço estão em perpétuo estado de mudança contínua. Pintados em fundo branco, os objetos-signos de Pjota frequentemente mostram ou sugerem a presença da violência e da insegurança, geradas por um jogo de oposições. Armas, animais silvestres, bocas agressivas e assustadoras, blindagens, máquinas e armas entram em confronto com corpos humanos moles e vulneráveis.

Pjota faz uso de rótulos de grafite, materiais não convencionais, como as placas de metal que ele encontra pela cidade, bem como a grande escala de suas pinturas, todos derivados de sua vida anterior como artista de rua, fortalecendo a sua referência à paisagem urbana. Os visitantes de seu estúdio são convidados a adicionar suas próprias formas e figuras, palavras e textos, a lápis e crayon, assim como fariam em muros em espaços públicos. Estes signos desorientam as narrativas múltiplas de Pjota, que são construídas a partir de fragmentos e expressadas através de diferentes graus de realismo. Trabalhado com grande habilidade, seu imaginário leva nossa percepção em direção ao sublime, mas ao mesmo tempo revela um estado mental regido por sentimentos de atração, repulsa e compulsão.

Desde a Idade Média, a pintura ocidental desfruta de um intrigante e complicado diálogo com a realidade. Os artistas pesquisam uma miríade de formas de representar o real, desenvolvendo novas estruturas narrativas que possam incorporar e traduzir a complexidade da realidade, e vão além da percepção normal no sentido de experiências metafísicas, religiosas, espirituais e psicológicas, e, mais recentemente, no surreal e no hiperreal. Durante o século passado, a enorme complexidade revelada pela ciência e tecnologia tornou tais questões particularmente intensas e relevantes para os artistas contemporâneos. Pjota não é exceção, inventando uma nova poesia visual como um veículo para confirmar e contextualizar sua experiência da cidade de São Paulo, que também pode ser vista como uma metáfora para a experiência urbana em escala global.

Vistas da exposição