Deserto-Modelo as above, so below Lucas Arruda

Apresentação

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a terceira exposição individual do artista Lucas Arruda, Deserto-Modelo 'as above so below, na galeria. A mostra traz uma instalação que integra luz e tinta, no qual a temperatura e intensidade da luz são orquestradas durante nove minutos na primeira sala. O estudo do artista se volta para a relação de luz e tempo, às divisões do corte horizontal, que se percebe na maioria de suas telas, transfigurando a fisicalidade que se exige da pintura para a subjetividade ótica do observador. Isso se dá a partir da união entre um bloco pintado a óleo sobre a parede e um bloco de luz projetado através de dedolights instalados no teto do espaço expositivo, formando um retângulo vertical. 

O bloco de luz faz clara relação ao que está sobre a linha do horizonte; o céu, o imagético, tudo o que permeia o mundo de ideias metafísicas. Nas palavras do artista: parte sonhada, imaginada, a fantasia, o irreal, o lembrado, etéreo. Já o bloco de tinta abaixo, quase imperceptível em tons de tinta branca, sugere uma referência à terra, o real concreto, palpável. O ambiente de contemplação e de formas que trabalham com a memória é uma síntese do que o artista executa em suas pinturas, que dão continuidade à mostra. O corte horizontal na imagem, tanto na intensão abstrata das instalações de luz quanto na intenção figurativa das telas, tenciona a ausência de um lugar-comum, assim, privando ao observador uma sensação de familiaridade com o espaço físico. Ele define bem essa ideia de um espaço vazio na sala intermediária às instalações de luz e dos trabalhos mais antigos de óleo sobre tela. 

As telas localizadas na segunda sala da mostra são exibidas na altura dos olhos do observador. Todas possuem a mesma medida e, em seu primeiro momento, uma mesma narrativa pictórica, porém, ao olhar às telas com atenção, conclui-se não ser um registro de paisagens, e sim um estudo da luz através da tinta. Muito além disso, a sua pintura trabalha com a experiência da distância, o início e a jornada da perspectiva, a linha horizontal se perdendo entre a luz e as extremidades da tela. 

Ao contrário do que poderia supor, essas imagens não são desenvolvidas a partir da observação direta do artista, não se tratando de um trabalho de registro. As obras não se compromissam com a existência de um espaço material, mas de um espaço sensorial, de percepção e luz. As pinturas tencionam o silêncio. Em termos pictóricos, os trabalhos de Arruda levantam reflexões existenciais sobre a forma e a variante das coisas em si que, pelo tempo e através da luz, se recriam.

Lucas Arruda (São Paulo, 1983) vive e trabalha em São Paulo. Suas exposições individuais incluem Deserto-Modelo, Lulu, México DF (2015); Deserto-Modelo, VeneKlasen Werner, (2014); Deserto-Modelo, Mendes Wood DM, São Paulo (2012). O artista participou de inúmeras mostras coletivas, incluindo: Soft Power. Arte Brasil, Kunsthal KAdE, Amersfoort (2016); 1ª Bienal Internacional de Assunção - Grito de Libertad, Assunção (2015); Stay in Love, Lisa Cooley & Laurel Gitlen, Nova York (2014); Chambres à Part, Edition VIII, La Réserve Paris, Paris (2013); I’ll Be Your Mirror, Herald St, Londres (2013): Here is Where We Jump, Museo del Barrio, Nova York (2013); Dark to Light, H. M. Tower of London, Londres (2013); Arte Brasileira Contemporânea, Pinacoteca de São Paulo, São Paulo (2012); Os Primeiros 10 Anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2012).

Obras
Vistas da exposição