Minha prática de pintura é cada vez mais guiada pelo simples prazer de pintar, pela comunhão com os objetos, paisagens e pessoas que desejo guardar comigo, os quais levo no coração como devaneios nunca terminados.
– Paula Siebra
A partir de cadernos, desenhos e memórias, Paula Siebra desenvolve suas telas através de uma acumulação calculada de imagens domésticas, materiais e vernaculares. No ateliê, ela frequentemente parte de bases tonalizadas, geralmente em terracota, ocre ou neutros acinzentados, construindo camadas finas que suavizam contornos, reduzem contrastes e moderam tonalidades para que a luz flutue entre objeto e campo. Temas, simultaneamente específicos e abertos, se multiplicam: um rio, uma colina, um jarro de barro, renda, ex-votos em madeira, fachadas branqueadas pelo sol e pelo mar, luvas, uma mala feita, um jogo de jantar. Através de cenas pertencentes ao cotidiano, à memória e aos sonhos, a atmosfera carrega tanto peso quanto a forma.
O vocabulário visual de Siebra desenvolveu-se inicialmente no Ceará, onde a artista nasceu e ainda vive, absorvendo artefatos da vida diária, a silicogravura, elementos da natureza e a geometria plana da arquitetura modesta. Ela se relaciona com a tela através de um olhar paciente e uma familiaridade vivida, expressando seu tema para além do regionalismo. Uma força semântica sutil anima suas composições, onde o significado surge não através da declaração, mas da pressão silenciosa de formas em relação. As pinturas de Siebra refletem afinidades com artistas como Frida Kahlo e Balthus no tratamento do espaço fechado e da complexidade psicológica, e com Domenico Gnoli, Vicente do Rego Monteiro e Antonio Donghi na atenção à forma e figuração.
Sua prática artística oferece uma “cartografia dos retornos” – um método de estabelecer presença dentro da acumulação irregular de tempo e hábito. A inefável quietude encontrada em um corpo d'água está igualmente presente em cenas de mesa, retratos e interiores tridimensionais. Muitas dessas paisagens e ambientes permanecem estranhamente despovoados. Quando uma figura aparece, é vista através de um leve distanciamento, adicionando um suave voyeurismo que intensifica o sentido de tempo privado em suspensão, seja na forma de reflexão solitária ou pequenos grupos em celebração.
Paula Siebra (n. 1998, Fortaleza, Brasil) vive e trabalha em Fortaleza.
Suas exposições individuais recentes incluem Vestígios de Verão, Saga House and Enri-an Temple, Kyoto (2025); O estranho familiar, Mendes Wood DM, Paris (2025); As primeiras coisas, Mendes Wood DM, Nova York (2024); Cristalino Segredo, Mendes Wood DM, Bruxelas (2023); Noites de cetim, Mendes Wood DM, São Paulo (2022); Lembrança de algum lugar, Sobrado Dr. José Lourenço, Fortaleza (2022); O Soar das Horas, Nieuwe Gentweg 21, Bruges (2023); Arrebol, Mendes Wood DM, Nova York (2021).
Adicionalmente, seu trabalho foi incluído em exposições coletivas como Remanso, Mendes Wood DM, São Paulo (2025); Existências Paralelas, Pinacoteca do Ceará, Fortaleza (2025); Amadeo Luciano Lorenzato em conversa com Lucas Arruda, Sanam Khatibi, Patricia Leite, Paula Siebra, Marcos Siqueira, Erika Verzutti e Castiel Vitorino Brasileiro, Mendes Wood DM, Paris (2024); 74º Salão de Abril, Centro Cultural Casa do Barão de Camocim, Fortaleza (2023); Arte Laguna Prize Exhibition, Arsenale di Venezia, Veneza (2023); Close, Grimm Gallery, Londres (2023); A Gauzy Flame, Herald St, Londres (2023); Pequenas pinturas II, auroras, São Paulo (2022); My reflection of you, The Perimeter, Londres (2022); Corpo Ancestral – 21ª UNIFOR Plástica, Universidade de Fortaleza, Fortaleza (2022); Male Nudes: a salon from 1800 to 2021, Mendes Wood DM, São Paulo (2022).
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Cactos à noite, 2024
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Casa às 5 da manhã, 2023
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Casa do Centro, 2023
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Farol do beberibe, 2023
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Filtro de Louça, 2023
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Fogão, 2023
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Frutas de cera, 2023
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Lua na lagoa, 2023
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Menina tirando a sorte, 2023
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Mulher se depilando, 2023
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Pitangueira, 2023
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Pôr-do-sol, 2023
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Ruína sobre uma duna, 2023
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Um rio, 2023
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Anoitecer nas dunas no. 3, 2022
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Anoitecer nas dunas no. 5, 2022
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Bandeja com maçã e faca, 2022
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Caminho, 2022
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Casas nas dunas, 2022
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Coisas da minha mãe, 2022
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Flores da noite, 2022
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Luar, 2022
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Manhã com jangada e coqueiro, 2022
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Mulher penteando o cabelo, 2022
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Canal, 2021
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Casa, ruina e cisterna, 2021
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Escrivaninha com livro e jarra de flores, 2021
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Final do Cumbe, 2021
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Jarra com três flores, 2021
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Oferenda, 2021
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Paisagem Belga, 2021
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Café com pão (Coffee with bread), 2020
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Casa em Cascavel (House in Cascavel), 2020
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Flores do mato, 2020
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Mulher dormindo sentada (Seated woman sleeping), 2020
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Mulher pendurando brinco (Woman putting earring on), 2020
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Paisagem no Jardim das Oliveiras, 2020
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Casa e Carnaúba, 2017
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