Utilizando instrumentos e estratégias das práticas do escultor, do escritor e do tipógrafo, o artista britânico Michael Dean investiga a relação entre texto e corporeidade. Explorando as possibilidades tridimensionais da linguagem, Dean frequentemente 'soletra' suas palavras por meio de um alfabeto de formas em escala humana, empregando materiais industriais e cotidianos como concreto, aço, MDF, cadeados e livros tingidos de suas escritas. Embora a transmutação da linguagem seja particularmente importante para a prática de Dean, suas esculturas não se destinam a ser lidas como palavras, mas sim a serem identificadas como um elemento da linguagem em sua própria forma e imaginadas como uma palavra ou ideia. Ele atribui uma forma física a uma linguagem desenvolvida pessoalmente, com base em uma série de alfabetos tipográficos que ele mesmo projeta.
Abordando o tema atemporal da intimidade humana, referências ao corpo humano são recorrentes nas obras de Dean. Moldes de punhos, membros e dedos dele e de seus filhos, com buracos nos olhos perfurados e músculos da língua, aparecem entre as formas. Este último é especialmente emblemático do interesse sobreposto de Dean pelo toque e pela linguagem, pois é a parte do corpo que pode sentir, além de saborear, e que também molda as palavras antes de saírem de nossas bocas.