Laurie Simmons & Jimmy DeSana: amigos, parceiros, cúmplices Laurie Simmons & Jimmy DeSana
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De 1973 a 1978 Laurie Simmons e Jimmy DeSana compartilharam um loft no Soho, em Nova York, dividido por uma porta com janelas em ambos os lados, cada um com seu laboratório. Apesar das diferentes abordagens conceituais, o convívio e trocas diárias influenciaram tanto o trabalho quanto as ideias de ambos. "Jimmy me ensinou a ser fotógrafa, e eu o ensinei a ser artista", reflete Laurie.
Frequentavam os mesmos círculos em Nova York nas décadas de 1970 e 1980, uma época de efervescência lendária nas artes visuais. Em downtown Manhattan, jovens artistas, incluindo Laurie, reciclavam e subvertiam imagens da mídia e cultura popular rejeitando os formatos tradicionais dos museus, especialmente na área da fotografia. Esse grupo de artistas ficaria conhecido como a Pictures Generation (Geração das Imagens), do qual Laurie foi uma participante integral. Jimmy, por sua parte, atuava na irreverente cena pós-punk de downtown registrando a vida noturna, a cultura queer e a explosão dos movimentos New Wave e No Wave dos quais participavam artistas, músicos e cineastas do submundo novaiorquino. Essas fotografias refletem a energia criativa da época e o questionamento das normas de gênero.
O combate aos estereótipos associados à gênero e sexualidade marcou as trajetórias de Laurie e Jimmy em um momento de grande transformação social nos Estados Unidos quando a epidemia da HIV/AIDS, ignorada pelo governo, se espalhava pelo país. "É difícil ver as pessoas morrendo enquanto o mercado de arte floresce. Esta foi uma década de morte encoberta pelo hype da mídia", lamentou Jimmy em 1985. Ele morreria alguns anos depois, aos quarenta, em decorrência de causas relacionadas à AIDS.
Na abordagem fotográfica de Laurie e Jimmy cada elemento visual é meticulosamente controlado. Usando objetos do cotidiano como cadeiras, televisões, móveis, pias e banheiras, eles subvertem as representações convencionais dos ambientes domésticos. Enquanto Laurie explora bonecas e cenários em miniatura, Jimmy experimenta com o corpo humano, frequentemente distorcido ou subjugado. Uma sensação de estranheza permeia as imagens, com justaposições surpreendentes que desafiam expectativas. Em termos de forma, as composições de linhas e cores encontram equilíbrio nos lugares menos esperados. No entanto, além da estética, a responsabilidade social e o ativismo político são os pilares que conectam os dois artistas.
Essa é a maior exposição a reunir fotografias de Laurie Simmons e Jimmy DeSana em um mesmo contexto. A mostra destaca o legado dos dois artistas que continua a influenciar as gerações atuais.
– Nessia L. Pope
Agradecimentos à Isaac Alpert, Cobi Krieger, Danielle Bartholomew, Mary Simpson, Katie Ross, Feather Blass, Anna Carolina Israel e Olympia Sonnier.