Gringo Pedro Wirz
Gringo marca a primeira mostra individual de Pedro Wirz no país. Nascido e criado no Brasil, deixou sua terra natal, São Paulo, há oito anos buscando uma educação artística na Europa. Curioso para se reconectar com a história e origens de seu avô paterno suíço, de quem herdou o sobrenome, Pedro se matriculou na escola de arte em Basel em 2008 e lá vive desde então.
Como um marco de identidade, Gringo exemplifica perfeitamente o retorno paradoxal de um artista ao seu próprio país. Se a carreira de Wirz vem crescendo e se frutificando na Europa nos últimos anos, o título desta exposição faz uma reflexão sobre como a sua prática tem sido moldada pelo tempo vivido no exterior, levando a uma sensação de inquietante estranhamento em relação ao país onde nasceu. Além disso, ao longo dos anos passados na Europa, o artista absorveu a visão romântica de um Brasil exótico que contém uma espécie de idealismo tropical.
Gringo começou dois anos atrás quando Wirz foi convidado pelo artista suíço San Keller para criar um projeto para uma feira de orientação vocacional em Zurique. Destinada a informar, motivar ou inspirar alunos do ensino médio sobre suas futuras profissões, a feira ofereceu um espaço destinado a mostrar as operações diárias de um artista profissional que vive na Suíça - uma visão um tanto otimista e progressista sobre o assunto.
Envolto na tarefa de apresentar seu self artístico, Wirz convidou os visitantes a desenhar o seu sonho de trabalho tridimensional. Mas, coerente com sua visão de longo prazo, Wirz não deixou de fornecer algumas instruções que constituiriam a estrutura e definir, como uma assinatura, a autoria das obras. Cada modelo teria de ser concebido ligando pontos em uma grade com 90 linhas retas e/ou 60 curvas. Emulando os quebra-cabeças de ligar os pontos para crianças, a grade, entretanto, não tinha numeração, deixando cada visitante livre para expressar sua visão genuína de como a Arte deve parecer. Além disso, os autores dos desenhos tiveram que especificar o tamanho, material e quaisquer outras informações relevantes da produção.
Ao contrário de muitos empreendimentos utópicos, Wirz, com toda probabilidade, sabia secretamente que este jogo era uma maneira de desafiar a si mesmo, uma vez que esta série decadavre exquis não permaneceria como um arquivo dormente do subconsciente artístico de algum adolescente, mas provavelmente se materializaria no futuro.
E aqui estamos nós. Libertos das leis de gravitação, mercado e restrições de educação visual, as esculturas apresentadas em Gringo carregam todas as fantasias de criatividade ilimitada do jovem no que poderia ser uma Art Brut para o futuro. As obras recém-produzidas traduzem uma rica gama de expressões poéticas da mente: figuras abstratas, antropomórficas, geométricas se encarregam de lições engenhosas para uma audiência muitas vezes altamente educada.
Produzido inteiramente em São Paulo, usando material local, este novo conjunto de trabalhos funde o subconsciente suíço com o mundo artístico brasileiro. Em uma busca de uma reunificação de reconciliação de identidade, as obras trazem uma reflexão sobre a ambivalência implícita no título, celebrando a auto-apresentação ritualística de Wirz na cena artística brasileira.
— Elise Lammer
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Pedro Wirz, Blumenvase, 2013
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Pedro Wirz, der Baum, 2013
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Pedro Wirz, Der Man mit dem komischer Kopf, 2013
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Pedro Wirz, Die Skulptur die keine Name traegt, 2013
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Pedro Wirz, Fantasieskulptur, 2013
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Pedro Wirz, Flame, 2013
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Pedro Wirz, Kissen Monster, 2013
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Pedro Wirz, Luft, 2013
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Pedro Wirz, Proto, 2013
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Pedro Wirz, Reiter, 2013
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Pedro Wirz, Smily, 2013
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Pedro Wirz, The play, 2013
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Pedro Wirz, Zwinker, 2013