Alface Marcelo Cipis

Apresentação

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar Alface, a primeira exposição individual de Marcelo Cipis na galeria. Reunindo pinturas da década de 90 e trabalhos recentes a mostra introduz o olhar livre de regras do artista, questionando com humor o dever da pintura em tempos de produções em massa.

A primeira sala introduz alguns trabalhos da série Tambores, realizada em de 1996, que surge durante uma reflexão sobre o silencio de um corpo em depressão. Tal silêncio é marcado por um tempo sonoro, como uma batida de tambor, definindo as pulsações desse corpo. Os caminhos dessa linguagem se desenvolvem ao longo dessa relação quase dançante entre uma figura e um som, utilizando a cor como desejo ­– desejo que atua entre os espaços definidos pelo desenho.

Ao entender o tambor como corpo, o artista desdobra os absurdos do surrealismo e ironiza a relação hierárquica entre desenho e pintura, como em sua série mais recente, Fluxo Direto, apresentada na segunda sala. Cipis entrega uma reflexão sobre simplicidade e desejo. Este último é importante para a pesquisa do artista, que entende uma necessidade de o olhar fugir para algo que não se pode alcançar na natureza, seja em uma imitação de um céu ou de um objeto macio intocável.

Marcelo Cipis iniciou sua carreira como ilustrador, colaborando para jornais e revistas. A partir de 1982, participa dos salões paulistas de arte contemporânea e realiza suas primeiras mostras individuais. Atuando principalmente em desenho e pintura, com uma linguagem figurativa singular com referências ao modernismo, ao design e à propaganda, além de uma temática intimista e autobiográfica, o artista expõe na 21a Bienal Internacional de São Paulo, em 1991, com a instalação Cipis Transworld, Art, Industry and Commerce, onde cria um stand de uma empresa multinacional fictícia com produtos e anúncios. O artista se posiciona com uma linguagem neodada. Parte dessa instalação foi apresentada no Fujita Vente Museum em Tóquio, em 1993, e na Bienal de Havana, em 1994.

Depois da bienal, em 1992, Marcelo retoma a pintura com uma linguagem abstrata pela primeira vez. Em 1996, realiza a série Tambores de pinturas gráficas e desenhos. Em 2000, recebe uma bolsa da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York. Seus trabalhos sempre foram pautados pela diversidade de linguagens e procedimentos pictóricos diferentes uns dos outros. Em 2017, realiza a Cipis Transworld no espaço da Spike Magazine em Berlim, com curadoria de Tenzing Barshee.

Marcelo Cipis (São Paulo, 1959) vive e trabalha em São Paulo.

Vistas da exposição