In my dreams, I kill him every night Sanam Khatibi

Apresentação

A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar, em nosso novo espaço expositivo em São Paulo, a primeira mostra individual de trabalhos inéditos de Sanam Khatibi.
A obra de Khatibi, composta, em especial, por pinturas e desenhos, inclui também esculturas e instalações, e se vale de um panteão multicultural de referências e imaginários artísticos e históricos, que a artista combina com grande destreza, ativando narrativas tão intrigantes quanto inesperadas que emergem de suas composições cuidadosamente construídas e cheias de um simbolismo mágico.

Três novos trabalhos em larga escala, pinturas de tinta a óleo e lápis sobre tela, dominam a exposição, sendo que uma delas empresta título à mostra: Em meus sonhos, eu o mato todas as noites. Naïf, mas com um pouco do fascínio do realismo mágico e da violência medieval de Hieronymus Bosch, as figuras gigantescas desses trabalhos aparecem como grandes visões de um poder feminino ao mesmo tempo destruidor e sedutor. As enormes mulheres nuas que dominam as paisagens edênicas, mas extraterrenas de Khatibi, estão envolvidas em atos canibalescos ou lúdicos, ou, talvez, em momentos de sedução, embora, nessas composições, nem tudo seja o que parece ser. Ao lado dessas figuras, pintadas em miniatura no chão, vemos aquilo que se assemelha a naturezas mortas, com objetos que funcionam como libações, espécies de oferenda, sem religião ou crença específica, executadas em um estilo que, de certa forma, evoca a Idade do Ouro da pintura flamenga. Pristinos, detalhados, realistas, ao mesmo tempo que estranhamente enigmáticos em suas relações entre si, esses objetos incluem ossos humanos, vasos, cerâmicas de vários períodos históricos, desde a Grécia antiga até a China imperial, tigelas de frutas e de flores e animais vivos e mortos.

O efeito dessas imagens arcanas e simbólicas sugere, talvez, camadas profundas de significados que podem ser suscitados, mas nunca inteiramente explicados pelos misteriosos, irônicos e, muitas vezes, subversivos títulos que pontuam a exposição, tais como Nothing will please me more [Nada me trará mais prazer] ou She used to give these marvelous lavish parties [Ela costumava dar festas maravilhosas e luxuosas]. Exibida ao lado dessas pinturas em grande escala se encontra uma série de trabalhos menores, feitos com tinta a óleo sobre painel, que parecem retomar as pistas deixadas pela libações em miniaturas que acompanham as gigantescas figuras femininas. Menores em escala, mas com o sujeito representado de uma forma relativamente maior, podemos dizer que essa série de naturezas mortas desperta mais perguntas do que cada trabalho é capaz de responder. Cada uma das composições ocultadas pelos títulos é iluminada por uma fonte de luz que solidifica cada objeto em relação a um pano de fundo preto e profundo. São composições que esbanjam precisão metafísica e enigma, evocando pinturas flamengas de memento mori,  sem, no entanto, oferecer marcos referenciais simplistas (e não precisaria fazê-lo) que possam vincular os significados sugeridos (mas nunca impostos) pelas várias combinações de vasos, flores, cobras, pássaros, conchas e ossos humanos em cada peça.  

Ao lado dessas pinturas, vemos uma instalação de mesa com vasos de cerâmica e pequenas esculturas de argila, plástico e resina, desde totens e objetos cerimoniais até cobras e crânios. Quase como suas paisagens fantásticas, só que agora feita em três dimensões, essa aglomeração, como em um Wunderkammer, serve como uma base na qual o espectador começa a montar e a metabolizar os vários sinais e símbolos do universo de Sanam Khatibi, antes de encontrá-los novamente em suas pinturas.

Obras
Vistas da exposição