Paulo Monteiro Paulo Monteiro
A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a primeira exposição individual de Paulo Monteiro em Nova York, reunindo um novo conjunto de pinturas e esculturas.
Monteiro dá prosseguimento à sua reconciliação contínua entre a duplicidade da pintura e da escultura, construindo uma narrativa entre elas. Sempre explorando as margens e os limites da forma, Monteiro utiliza o espaço negativo como suporte, fazendo, assim, com que suas pinturas se pareçam com esculturas e suas esculturas se pareçam com pinturas. Sua paleta de cores oscila entre tons predominantemente frios e quentes, azuis escuros e uma variedade de vermelhos que ao mesmo tempo criam uma profundidade cruzada e um contraste quase estridente. Seus brancos e cinzas oferecem um sensação tátil semelhante a seus desenhos.
Monteiro iniciou sua trajetória artística na década de 1980, com montagens precárias feitas com madeira reutilizada. Suas composições sugerem, ao mesmo tempo, movimento e colapso, enfatizando a expressão do material. Nos últimos dez anos, Monteiro passou a usar pedaços de corda, restos de madeira, papelão, tiras de alumínio e argila como matérias-primas de suas esculturas. As peças exibidas na galeria são, em sua origem, placas de argila que o artista deforma, disseca e aperta com as mãos até revelar seu interior animado. O mesmo processo conceitual de desdobramento é empregado em sua técnica de pintura, com inversões e construções operando a partir do centro da tela. A tinta é empurrada para as bordas do plano, criando contundentes fronteiras físicas. É comum vermos duas pinturas que apesar de feitas com as mesmas pinceladas, são diferentes, dependendo da cor, forma ou tamanho da tela, que o artista sempre varia.
Embora uma fisicalidade maleável permeie suas obras, uma das grandes preocupações de Monteiro ao longo de sua carreira tem sido a exploração da possibilidade da linha, algo que se manifesta por meio de pinceladas em seus trabalhos no papel, relevos nas pinturas e cortes nas esculturas. Suas linhas nunca são completamente retas, nem seguem qualquer tipo de lógica. Seguindo a ideia deleuziana, elas “puxam nos dois sentidos ao mesmo tempo” (DELEUZE, Gilles. A lógica do sentido, 1969), coexistindo em um lugar entre a afirmação e a negação do espaço.
Essa plasticidade radical em relação ao espectador levou Monteiro às suas “constelações” —configurações de suas pinturas e esculturas —, que lidam com a fisicalidade do objeto em relação ao artista e ao espectador, de modo muito similar a um dos Objetos Ativos, de Willys de Castro. É por meio do posicionamento cuidadoso do espaço negativo que essas “constelações” ganham forma. Isso também é alcançado com suas esculturas feitas com a impressão negativa de sua mão e dedos moldados em argila, que são depois fundidos em bronze ou chumbo. Seu tema aqui é a vida e o desenho interior dos objetos. De acordo com o artista, seu propósito é “trazer vida para algo sem vida”.