Risco do Tempo Sonia Gomes
A Mendes Wood tem o prazer de apresentar a primeira mostra da artista mineira Sonia Gomes na galeria.
Não por coincidência suas obras se edificam sobre tecidos antigos, passados. A obra da artista parte de um pressuposto bergsoniano onde todo material está imantado de latência de vida. Se riscos de bordados se tornam a fonte, se um desenho ou se a arquitetura de um vestido dão origem à uma torção (esculturas de pano, assim chamadas pela artista), é porque não há separação entre materia e vida na obra de Sonia.
No trabalho de Gomes o agente criador é o próprio corpo da artista, a matriz. E nesse sentido, nota-se a presença de um élan vital entre artista e trabalho. O participador se coloca quase em um lugar de “testemunha” sobre o evento de simbiotização entre essa matéria (tecidos, vergalhões, papeis) e corpo (seu corpo e também nosso). Há sem dúvida um acesso à memória ancestral, que segundo a artista, esbarra em questões de identidade racial, sobretudo ao manter-se radicalmente fora do discurso, em um estatuto de diferenca, onde obra inteira reside.