Apresentação

Usando o quarar reverso como poética, subverto a prática tradicional de esfregar e clarear roupas ao sol e me aproprio da mancha como um índice de pesquisa sobre pigmentos naturais – ressignificando a sujeira e buscando resistir aos branqueamentos culturais, ao mesmo tempo em que habito um espaço mais amplo e sustentável. – Josi

A prática de Josi nasce da força de suas mãos, que manipulam, esculpem e se distanciam do conforto da história da arte ocidental. Essa dinâmica se desdobra por meio de criações imbuídas da presença de seu corpo, fazendo com que suas obras se tornem extensões das mãos da artista, atuando como condutores de narrativas e incorporando conexões materiais e ancestrais por meio de uma fusão de pigmentos naturais. Dessa forma, Josi explora temas como memória, sobrevivência e ritmos corporificados, em um contínuo diálogo entre saberes adquiridos e vividos, entre a vida de seu corpo e o patrimônio material de Minas Gerais. Suas pinturas e cerâmicas, criadas sem planejamento  prévio, permitem que alquimias e pigmentos orgânicos interajam com a temperatura, a umidade e com temporalidades geológicas, se desdobrando nas superfícies como camadas de sedimento.

Influenciada por experiências pessoais que atravessam territórios e tradições comunitárias - tarefas, trabalhos e um vocabulário agrícola - sua obra é informada por comunidades do Vale do Jequitinhonha, Itamarandiba, Carbonita e Caeté. Desde os primeiros esboços feitos em cadernos durante viagens de ônibus, que revelam uma crença firme de que a arte não é um privilégio, até as sabedorias vivenciadas ou vividas pelos ancestrais, como bater e lavar roupas, técnicas tradicionais de clareamento ao sol e o árduo trabalho no campo, essas experiências se entrelaçam em seu processo criativo. Atos humildes e profundos de trabalho manual - amassar, recolher, lavar, regar - se refletem na maneira como a artista trabalha com argila e pigmentos, transformando-os em expressões artísticas que evocam as texturas e narrativas dos territórios em que cresceu.

A arte de Josi medita sobre trabalho, perseverança e a reapropriação da história, afirmando a presença de pessoas e comunidades que, embora separadas de suas tradições e espiritualidade, continuam a resistir às forças do apagamento colonial. A prática de Josi convida à reflexão sobre a interconectividade por meio de um espaço compartilhado de resiliência, tanto social quanto ecológica.

Josi (n. 1983, Itamarandiba, Brasil) vive e trabalha em Belo Horizonte.

Suas exposições individuais incluem grains of water, drops of earth, Mendes Wood DM, New York (2024); arrastar chãos, juntar imbigosMendes Wood DM, São Paulo (2024); Quarar reverso, Piccola Galeria Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte (2022). Exposições coletivas recentes incluem Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, CCBB Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (2024); Espelhos d'água vivaSolar dos Abacaxis, Rio de Janeiro (2024); Cosmo/ChãoOficina Francisco Brennand, Recife (2024); Imagens que não se conformamMemorial Minas Vale, Belo Horizonte (2023); Ensaios para o Museu das OrigensInstituto Tomie Ohtake, São Paulo (2023); O corpo invisível da memóriaMuseu da Inconfidência de Ouro Preto, Ouro Preto (2023); Premiados PIPA 2022Paço Imperial, Rio de Janeiro (2022); Ainda que tardiaMuseu Casa Padre Toledo, Tiradentes (2022); Entre o isolamento e o contatoEscola Guignard UEMG, Minas Gerais, Brazil (2020).

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