"Segundo a tradição budista, Gautama ficou 49 dias em meditação. A primeira semana Ele passou embaixo da árvore; no tempo restante, permaneceu de pé, contemplando fixamente a figueira em profunda gratidão. A obra “Paisagem interior / Iròkò faz referência a aspectos relacionados a certa concepção espiritual galgada na reflexão interior, cara ao artista durante o processo de criação. Talvez evoque a atitude de um recolhimento necessário no que oportunamente se diz fincar raízes, ou aprofundar-se nas motivações que condicionam a obra que, por sua vez reclama um trabalho resignado e silente, porém, enobrecedor, dada a altivez da figura representada – ereto, irmanado ao tronco da árvore que o ladeia – traja um manto que o oculta e protege. Está enraizado em seu chão. Iròkò, no candomblé, se refere ao orixá da ancestralidade e resiliência. A composição sintetiza afinidades do artista no que concerne a tradições e conteúdos moralizantes que, num momento ou outro, emergem enquanto o trabalho é feito – certa feita disse o monge medieval Bento: Ora et Labora – e que estar atento nessa espécie de contemplação traduza (esse é o intento) alguma verdade ante as contingências implacáveis do existir no mundo, do existir dentro da própria vida."