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16/11 – 16/12 2018
Para sua primeira exposição individual em Nova York, Solange Pessoa (n. 1961) expõe dois corpos de trabalho. Novas esculturas de cerâmica e bronze da série Metaflor-Metaflora, de onde surgem a vegetação e as penas, além da produção final de sua série Botânica de trabalhos sobre tela. A conclusão de uma década de investigação, a série Botânica, trabalha de maneira elegante, destilando a essência gráfica das folhas, plantas, flores e outras formas naturais com uma economia pictórica. A folhagem e o material orgânico que a artista inclui em suas esculturas instaladas na parede ressoam com a vida vegetal representada em sua tela, que funciona como um fio condutor que liga o trabalho bidimensional e tridimensional da artista.
A prática de Pessoa está continuamente enraizada no ambiente natural de Minas Gerais, onde vive e trabalha, e cuja rica paisagem nutriu seu fascínio pela natureza ao longo de seus trinta anos de carreira. Esculturas cheias de folhagens com conjuntos de penas semelhantes a asas, lã ou algodão espalhados pelas paredes da galeria como um jardim cultivado que foi deixado crescer sem controle. Isso sugere a importante instalação de Pessoa nos três jardins perto do famoso Museu da Inconfidência, na cidade histórica de Ouro Preto, em 2000, o que poderíamos pensar como o protótipo para esses tipos de instalações escultóricas. Ali a artista permitiu que a natureza seguisse seu curso, acabando por ultrapassar sua escultura e integrá-la à paisagem, de tal forma que é difícil dizer o que é arte e o que é natureza, uma confusão que Pessoa aprecia.
Isso ressalta o tipo de impacto que a escultura de Pessoa tem no espectador. Esses trabalhos atraem o espectador através da familiaridade da folhagem e das penas como materiais táticos e até sensuais, além de estabelecer um grau de estranheza através das protuberâncias biomórficas das quais a matéria orgânica parece crescer - como se desafiassem as leis da natureza. Esta é a curiosa sedução dos corpos do trabalho de Pessoa à vista. Somos atraídos pelo que fazemos e não entendemos, e, como tal, examinamos as obras como se fosse uma nova flor que encontramos na natureza. O resultado é uma experiência visual que é ao mesmo tempo visceral e analítica.
Os trabalhos resistem à nossa curiosidade, nos recompensando, revelando detalhes que Pessoa incorpora em cada um. Estas incluem as pinceladas meticulosas que Pessoa usa para construir cada trabalho sobre tela, cuja inspeção revela estar cheia de folhas, sementes e caules individuais cuidadosamente desenhados. Enquanto as superfícies ásperas das cerâmicas de Pessoa, que se assemelham a rochas e outras formações naturais de longe, trazem pra perto a presença da mão da artista. Essas marcas se registram como sinais de processo, estabelecendo o fluxo e a força vital que ressaltam toda a obra de Pessoa, que é como se animada, no antigo sentido do animismo, a crença espiritual primordial de que o mundo natural possui sua própria força vital. Essa presença surreal e em camadas é o que nos mantém procurando.
– Alex Bacon