Vistas da exposição















Texto
Repeat to Fade
03/09 2012 – 20/10 2012
Em resposta a uma demanda cada vez maior de transparência das informações, Repeat to Fade examina o ato de olhar em relação a como a clareza pode ser visualmente transmitida. Usado como uma indicação musical em partituras, “repeat to fade” instrui o músico a tocar o mesmo segmento musical repetidamente enquanto diminui o volume, até que a canção se desvaneça em silêncio. Quanto ao crescimento da obscuridade e da consequente necessidade de elucidação, artistas da Europa, EUA, Índia e Brasil lidam com a intangibilidade da imagem e do objeto em uma era cada vez mais digital. Instalações, esculturas, pinturas, vídeos e colagens refletem os múltiplos meios através dos quais a informação visual é encontrada e como ela pode ser enquadrada para servir a um motivo ou público particular. Partindo da rapidez com que conteúdo é atualmente compartilhado, reproduzido e disseminado, o espectador é convidado a centrar a sua atenção e considerar a probabilidade de que nem tudo foi revelado. Com cada trabalho utilizando diferentes modos de produção em questionamento do que é virtual e do que é real, modos de visibilidade são testados de forma a reafirmar questões de subjetividade e evanescência.
Um dos objetivos centrais que Maaike Schoorel se propõe a alcançar em suas pinturas é o abrandamento do olhar do espectador. Proporcionando um espaço de percepção intensificado, suas telas aparentemente monocromáticas posuem uma riqueza de informação visual que só pode ser decifrada com tempo e consideração.
Através de esculturas ao mesmo tempo delicadas e substanciais, Valeska Soares explora as sensações temporais de nostalgia e saudade. A partir das complexidades das relações interpessoais, Et Apres (Travesseiros) (2012) é ao mesmo tempo delicado e pesado, reflexo de como os significados latentes podem ser derivados de ausência.
Alternando entre as preocupações clássicas de volume, espaço e ilusão, as pequenas pinturas e esculturas artesanais de Daniel Sinsel combinam história da arte com sentimento pessoal. Considerando como o plano bidimensional pode ser desdobrado em um trabalho tridimensional, motivos como a janela, a grade e a coluna aparecem repetidamente na exploração do status mutatório do objeto de arte.
Referências à tapeçaria medieval e renascentista proliferam na investigação da relação entre historicidade e materialidade de Adriano Costa. Indagando a respeito da relação entre identidade e localidade urbana, beleza e vulgaridade são reveladas lado a lado, a medida que objetos encontrados aparecem transformados.
Inovador essencial em Arte Conceitual, Lawrence Weiner é reconhecido por desafiar preconceitos da arte-objeto pela revisão dos meios de distribuição e exibição. Apresentando uma instalação baseada em texto traduzido para o português, Weiner analisa como a linguagem pode ser lida tanto como descritiva como não-relacional em relação ao seu potencial como forma de arte.
Fazendo uso da língua falada e escrita em seu trabalho, a participação do espectador é fundamental para a artista interdisciplinar Shilpa Gupta na refelexão de como as interpretações diferem dependendo da formação e identidade do individuo. Focalizando na separação e comunalidade cultural, a série Untitled (2009) se constroi nas complexidades da incompreensibilidade.
Produzindo uma obra que é simultaneamente interdisciplinar e participatória, Paulo Nazareth aborda questões de raça e desigualdade socioeconômica através do gesto artístico. Combinando problemas de injustiça com o absurdo, a abordagem divertida de Nazareth rompe a categorização abrangente, reduzindo o uso de rótulos genéricos.
Tomando a ideologia hesitante do 'American Dream' como ponto de partida, Matthew Day Jackson examina a interdependência dos mitos pessoais e coletivos. Partindo do imaginário popular feito obscuro e identifinível, Dark Side (2012) continua a investigação do artista sobre a relação entre a desmistificação e o avanço da tecnologia.
Impregnados de referências científicas, literárias e históricas, os trabalos de vídeo, escultura e instalação de Roberto Winter questionam o conhecimento aceito através da experimentação. Considerando as implicações da reprodução, Oedipus e Felix Dadaev’s bust with mirror (ambos 2012) podem ser vistos como um desafio aos sistemas aceitos de pensamento. Através da utilização de linguagem codificada, Detanico Lain, uma colaboração entre Angela Detanico e Raphael Lain, questionam se as ideologias modernistas de pureza e clareza têm resistido as condições culturais da globalização. Partindo de processos que utilizam modularidade e tipografia, os artistas analisam o deslocamento de sentido em uma era cada vez mais digital.
Fiete Stolte vive em sua própria cápsula do tempo: um dia é composto de 21 horas e uma semana de 8 dias, proporcionando um ponto de partida para um questionamento ontológico que percorre todos seus trabalhos de vídeo, fotografia, escultura e instalação. Empregando vários modos de investigação que se unem na idéia de informações perdidas ou escondidas, Stolte investiga como podemos visualizar o tempo através da utilização de luz, marcas físicas ou objetos que mostram sinais de uso.
Da mesma forma Theo Craveiro explora a relação entre vida e arte destacando as complexidades da conduta diária. Normalmente apresentando uma série de imagens, ações e objetos que são alterados ao longo do tempo, a escultura de Craveiro revela a importância do contexto, subvertendo a materialidade através do jogo entre volume e espaço.
Investigando leituras de ficção e imaginação, Jesse Ash examina explicações confirmadas de eventos e como eles são alterados pelas apresentaçoes repetidas através de vários tipos de mídia. Identificando valores de olhar e entendimento em relação à mensagem política e rumor, as colagens e vídeos de Ash revelam conteúdos de outra forma escondidos.
Através da apresentação de constelações de objetos e imagens encontradas, Deyson Gilbert questiona o potencial de uma estética de resistência em abordar estruturas ocultas. Partindo dos gêmeos míticos Castor e Pólux – que nunca podem estar no mesmo lugar ao mesmo tempo – object A: the shot/object B: the echo (2012) levanta questões de materialidade alternando a presença física e virtual dos objetos.
Centradas em relações geométricas e espaciais, as esculturas e pinturas de Marcius Galan abordam a demarcação de territórios e fronteiras. Para Repeat to Fade Galan continua transformando o mundano em estranho, catalisando uma reconsideração de função e significado.
Apresentando relatos pessoais ao lado de histórias coletivas, os artistas em Repeat to Fade examinam como o material visual pode ser deliberadamente retido, ou recuado da vista ao longo do tempo. Da mesma forma que uma frase musical é repetida até desaparecer, os artistas discutem como a informação é compartilhada e copiada até que sua fonte original se torne indistinta. Com a possibilidade de tal esvaecimento sempre presente, o desaparecimento mostrado em fluxo, como representações conflitantes de fragilidade e sustentabilidade, questiona aquilo que permanece invisível.