Vistas da exposição










Obras
Slideshow









Thumbnails









Texto
25/11 2017 – 02/02 2018
A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar a terceira mostra individual de Paulo Monteiro na galeria. Em uma seleção de esculturas e relevos de parede em biscuit, o artista revisita trabalhos em bronze realizados no ano de 1987 que registram a forma das mãos, punho e dedos, ou, em outros momentos, um corpo dividido em três partes, abordando a memória intuitiva e o gesto atemporal. Mesmo sem uma ligação direta com a dança, os quadros e relevos de parede percorrem o espaço branco como uma coreografia, em que se pode encontrar um improvável paralelo com o bailarino russo Nijinski.
Vaslav Nijinski, filho de bailarinos, inicia sua vida como dançarino aos quatro anos de idade. O artista integrou a companhia de Serguei Diaguilev , na qual obteve reconhecimento internacional ao tentar com sucesso promover o balé russo. Nijinski foi apresentado a Serguei Diaguilev através de seu namorado, o príncipe Pavel Lvov. Carismático e de forte personalidade, Diaguilev dirigia com mão de ferro a companhia Ballets Russes, criada por ele em 1909 com o objetivo de transformar as estruturas da dança clássica. Dotado de uma técnica não ortodoxa, o então chamado Deus da dança revolucionou o balé no início do século XX, conciliando sua técnica com um poder de sedução da plateia; seu maior triunfo foi elevar a figura masculina à mesma altura da figura feminina nos balés. Como coreógrafo, Nijinski era considerado ousado e original, sendo atribuído a ele o início da dança moderna. Uma de suas coreografias mais polêmicas foi L'Après-Midi d'un Faune, com música de Debussy, vaiada em sua estreia, em 1912. Em setembro de 1913, a Ballets Russes excursionou para o Rio de Janeiro e Buenos Aires. Por ser uma viagem marítima, Diaguilev não veio. Atormentado pelos ciúmes, Nijinski se casou precipitadamente com uma das bailarinas da companhia, Romola de Pulszky. Ao saber da notícia, Diaguilev demite Nijinski. A tentativa de Nijinski de montar sua própria companhia falha durante a Primeira Guerra Mundial, quando ele esteve internado em um campo de concentração na Hungria, de onde só saiu em 1916 por intercessão de Diaguilev. Por algum tempo, foi afastado do grupo, voltando a fazer parte da companhia em 1917, nos Estados Unidos. Em 1919, aos 29 anos, acometido por esquizofrenia, abandonou os palcos.
Não existem semelhanças entre Monteiro e Nijinski — afinal, Paulo começa a pintar no começo dos anos 1980 —, mas não se pode fugir de uma comparação com a memória, os registros de movimento, as suposições, feminilidade, tudo o que um corpo pode provocar diante do espaço ao redor; vontades à parte, um trabalho de intuição, repetição, fuga e volta. As diversas e muitas vezes bem-humoradas decisões do artista entre formas e cores por vezes sensuais, por vezes debochadas, vão se reproduzindo pelas paredes sem uma intenção de chegar em algum lugar.
Monteiro iniciou sua produção em 1977 desenhando histórias em quadrinhos, cujo estilo era influenciado por cartunistas como Robert Crumb, George McManus e o caricaturista Luiz Sá. Entre 1983 e 1985, junto a Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez, Nuno Ramos e Rodrigo Andrade, formou o grupo Casa 7. Em conjunto, os artistas participaram de exposições no MAC de São Paulo, MAM-RJ e da 18ª Bienal de São Paulo, em 1985, exibindo seus trabalhos pautados pelo neo-expressionismo. Do final dos anos 1980 até o início dos anos 2000, sua pesquisa começa a caminhar por cores potentes, fortes, mas sem dados de soturnidade. Vermelhos e azuis convivem com tonalidades ocres. Superfícies são preenchidas de maneira uniforme quase em sua totalidade.
Paulo Monteiro (1961, São Paulo) vive e trabalha em São Paulo.
Suas obras foram destaque em mostras como: The outside of distance, MISAKO & ROSEN e Tomio Koyama Gallery, Tóquio (2017); The inside of distance, Office Baroque, Bruxelas (2016); The inside of distance, Mendes Wood DM, São Paulo (2015); Casa 7, Pivô, São Paulo (2015); Empty House Casa Vazia, Luhring Augustine, Nova York (2015), Paintings on Paper, David Zwirner, Nova York (2014); Where Were You, Lisson Gallery, Londres (2014); 22ª Bienal de São Paulo (1994) e 18ª Bienal de São Paulo (1985). Seu trabalho integra inúmeras coleções permanentes, incluindo: MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC-SP (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo), MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e Museu de Arte Contemporânea de Niterói.