Vistas da exposição



Texto
Antena
08/10 2013 – 09/14 2013
A Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar Antena, primeira exposição individual do artista americano de descendência cubana Luis Gispert no Brasil. Por meio de fotografias que possuem uma ligação técnica não muito distante de suas esculturas e ready-mades, a exposição retrata sua obsessão pelo modernismo caribenho, pelo movimento Black Power na América e a correlação da música afro em Cuba e nos Estados Unidos.
Na mostra, Gispert investiga sistemas de transmissão clandestinos onde histórias e narrativas até então secretas vão sendo desveladas. Por meio de retratos culturais e estereótipos exagerados, o artista coloca o espectador em um lugar de dúvida, em que o pano de fundo é a realidade da obsolescência compulsiva dos objetos de consumo. O artista faz referências ao cenário cultural cubano no período castrista e fala de um tempo em delay, de uma economia sucateada, mas concomitantemente de uma percepção vivaz da condição humana.
Em uma de suas obras o artista referencia a pintora abstrata cubana Carmen Herrera, que teve seu primeiro quadro vendido aos seus 89 anos. Nessa obra, intitulada Carmensita What Have You Done? (¿Carmensita Qué has hecho?) presente nesta exposição, o artista conta a história da pintora. Através de um tríptico Gispert relaciona o protagonista de uma imagem com um famoso músico de Blues americano, manipulando a verdadeira nacionalidade do músico (que é cubano) pela simples mudança de seu instrumento musical. Dessa forma, ele se utiliza dos estereótipos da pobreza de um lado e o excesso de outro, nos mostrando que toda a história teria sido inventada em seu estúdio, assim como do que sucedeu com Carmen Herrera que teve apenas sua arte descoberta quando se mudou para os Estados Unidos.
Em seu trabalho, o espectador é levado a impasses e contradições arquitetados a partir da correlação entre a fotografia e seus ex-objetos, que juntos induzem a percepção e entendimento da transmutação de valores provocados pelo artista. Em obras como Nappy Light e Eileen, Gispert se utiliza de objetos anteriormente sucateados e os transforma em objetos de desejo e consumo. A falsificação artística desses objetos é uma estratégia pela qual ele tensiona as relações entre o valor intrínseco e valor falseado.
Gispert mostra de forma intuitiva através de uma máscara de cenários obviamente teatrais e feitos em estúdio, a aleatoriedade dos sistemas de valiação, e crueza de seus contextos. Assim levanta questões importantes sobre esses valores intrínsecos e falseados, sobre os personagens reais que se tornam fictícios e histórias que têm como eixo central a fragilidade da nossa percepção. Após trilhar o caminho correlativo de suas obras, o espectador se perde em um labirinto de valores, no seu próprio ser individual e alter ego social da construção espectral que vivemos; onde está sempre por um triz, a memória de quem somos de fato.
Luis Gispert nasceu em Jersey City em 1972 e vive e trabalha em Nova York. Seus trabalhos tem sido exibidos na Whitney Biennial 2002 no Whitney Museum of American Art, assim como em galerias e museus como o Brooklyn Museum of Art e o Studio Museum no Harlem, em Nova York, Art Pace no Texas, Museum of Contemporary Art, North Miami, o Contemporary Arts Museum Houston, Palazzo Brocherasio em Turim, e o Royal Academy em Londres. Gispert também tem participado de várias exposições com galerias de alto nível, incluindo Gagosian Gallery, Andrea Rosen Gallery, e Deitch Projects, em Nova York.